Acerola e Maracujá






Aluguei um pé de acerola, que veio com uma casa de brinde, onde moro desde março deste ano.
Alguns meses depois, eu fiz uma poda na aceroleira e uma vizinha veio visitar a árvore. Foi quando percebi que havia umas folhas diferentes bem lá no alto. Ela olhou com cuidado e me revelou que aquelas folhas era de um pé de maracujá que ela plantara ali a pedido da antiga moradora.

O pé de maracujá é uma trepadeira. Ela vai se agarrando firmemente ao que encontra por perto, escalando o que quer que a sustente e subindo em busca de sol.

De início, eu achei interessante. Teria acerola e maracujá no quintal. Mas, um ou dois meses depois, percebi que a trepadeira poderia matar a árvore que tão generosamente a amparava. Ela subia até o ponto mais alto e rapidamente se espalhava, como um guarda-chuvas, até bloquear todo o sol, limitando sensivelmente, assim, a fonte de energia da planta que viabilizara a sua subida.

Decidi não pagar para ver. Num dia desses, cortei a maior parte do pé de maracujá e redirecionei a parte restante para se esparramar pelo muro.

Um fato corriqueiro que me fez refletir sobre algumas coisas...

O pé de acerola é uma árvore que não dá para derrubar facilmente sem um machado. Já o pé de maracujá, basta uma tesoura. No entanto, a aparentemente mais frágil consegue facilmente asfixiar a aparentemente mais forte se nenhum super herói (eu, no caso) aparecer para salvá-la.

No reino das acerolas, as trepadeiras devem ser coisas do demônio.
No reino das trepadeiras, as acerolas devem ser somente um bom e confortável lar.
Na biologia e no mundo que nos atrevemos a chamar de real, ganha o mais adaptado ou... o que fez amigos mais poderosos.


Comentários