O Menino e o Ferreiro

Como Cheguei Aqui


Este poema foi escrito muito provavelmente em 2005. Ou seja, há cerca de 15 anos. Está quase debutando. Como quase tudo que escrevo, não é óbvio (um dia ainda melhorarei quanto a isso). Mas é certamente um dos meus escritos que mais me fascinam. Na época, eu pretendia estender o texto a uma peça de teatro. Havia muita coisa para ser dita que não cabia num texto tão curto e subjetivo quanto o de uma poesia. O tempo passou e a peça não saiu. A idade foi chegando e eu fiquei cansado da temática religiosa, embora as ideias da peça ainda cintilassem em minha mente. Achei que tivesse desistido.

Há anos tenho tentado obstinadamente voltar a escrever.  Só que, no meu caso, o ato de escrever está bem desconectado dos ideais de reconhecimento público, fama ou riqueza.. Como é bem difícil achar bons amigos no mundo (principalmente para um ogro como eu), preciso contar com um porto seguro dentro de mim mesmo. Escrever, para mim, portanto, significa conversar comigo mesmo e me entender melhor. Segui vários caminhos e quase todos me devolviam ao mesmo lugar de estagnação criativa. Por uma série de razões de ordem pessoal, neste ano precisei achar um trabalho que me absorvesse tanto quanto possível. Foi quando concluí o texto (e o vídeo do texto) EmbalaGENS . Um prêmio que decidi dar a mim mesmo por ter cumprido aquela tarefa, como forma de "co-memoração", foi rever um texto antigo qualquer. Escolhi este (O Menino e o Ferreiro) e, com a experiência bem mais aprimorada para edição de vídeos (detalhes técnicos lá embaixo), produzi o vídeo do poema.

Mas a experiência foi bem mais promissora. Consegui também produzir a peça de teatro que estava atolada em minhas entranhas há mais de uma década. Depois do vídeo, segue o texto da peça. Não pretendo ganhar dinheiro com nenhuma dessas coisas. Nem com o poema (em texto ou vídeo), nem com a peça. Portanto, salvo se for uma produção com farta dotação financeira, eu liberarei a peça para produção rapidamente e sem qualquer embaraço. Só preciso saber alguns detalhes da produção do espetáculo e, principalmente, os locais onde ela provavelmente será apresentada (para evitar que várias companhias produzam o mesmo tempo numa mesma cidade, por exemplo).


texto da peça  https://drive.google.com/open?id=1JOgWeI7h-gVPq982tvDDVWkarmEinsO7
O poema original pode ser encontrado em : http://www.escolademestres.com/blogs/paradidaticos/literatura/20-o-menino-e-o-ferreiro .

Minhas Considerações Sobre o Meu Próprio Texto

Quando escrevi este texto (em 2005), intrigava-me muito a ideia da irreversibilidade do aumento da entropia do universo. Um pouco mais que isso. Enquanto, por um lado, no reino inanimado, as coisas pareciam se "desorganizar", o fenômeno "vida", por outro, parecia ter o poder de reverter este quadro (de forma naturalmente espontânea, claro) e produzir estruturas extremamente complexas, como os seres vivos e as suas obras (desde um formigueiro até as grandes cidades e os computadores).

O parágrafo anterior, entretanto, é curto demais para tantas ideias nada óbvias. Precisaria detalhar melhor o que, neste contexto, significa "organizar" (esta palavra é tão mal entendida que os cursos de física praticamente a abandonaram nas últimas décadas ), ou "naturalmente espontânea", e precisaria falar mais demoradamente sobre o conceito de entropia. Coisa que não faz sentido abordar aqui.

Para tanto, vou deixar um link para uma aula introdutória sobre o assunto (infelizmente, está em inglês) e vou dar uma rápida explicação sobre a equação e a inequação matemáticas que aparecem no vídeo.

A aula é de um curso online do MIT: https://www.youtube.com/watch?v=870y6GUKbwc

A inequação se refere à segunda lei da termodinâmica ( ΔS>0  ) , que diz que a entropia total de um sistema e de suas vizinhanças tende sempre a aumentar.

Aumento de entropia está intimamente ligado ao conceito de indisponibilidade energética. Não importa o que façamos, com o tempo, o universo caminhará para um ponto de maior "indisponibilidade" energética, com a sua energia mais espalhada e, portanto, menos capaz de ser transformada (ou produzir trabalho) espontaneamente. Mas, de alguma forma, está também relacionado com o conceito de complexidade.

O fenômeno "vida" parece reverter localmente (embora não globalmente) este quadro sob o ponto de vista da complexidade, embora não tenha detalhado aqui o quão relacionados estão os conceitos de entropia e complexidade. A energia que vem do sol, por exemplo, é "capturada" pelas plantas e "aprisionada"  em moléculas de ATP para ser usada na produção de glicose, que será utilizada na formação de estruturas complexas, como os tecidos vegetais. Os animais ingerem estes tecidos vegetais e produzem outros animais, que são sistemas bioquímicos, muitas vezes, extremamente mais complexos do que as matérias-primas que foram "desmontadas" para produzi-los.

O texto está pautado na ideia de que a concepção original do "criador" seria um universo em que a entropia não aumentasse ( ΔS=0  ), de forma a manter a "coisa criada" exatamente como o projeto originalmente desenhado. Mas alguma coisa deu errado e o universo ficou como nós conhecemos.

Construir paralelos com os mitos religiosos ajuda bastante quando pretendemos falar de ideias que, embora digam respeito a tudo que fazemos e somos (como a segunda lei da termodinâmica), ainda se encontram bem distantes dos conceitos e do linguajar cotidianos.

Para um leitor sem grandes interesses em física, gostaria de que o que ficasse, mesmo, é a quebra da dicotomia "Deus x Diabo", ou "Bem x Mal" . Essas dicotomias, essa polarização e a necessidade de pertencer a um único time são típicas da cultura ocidental. No candomblé e no oriente, por exemplo, é comum a gente encontrar "coisas" que se parecem com demônios (o exu, por exemplo, é um caso), e que são tão divinas, veneráveis e respeitáveis quanto as outras "entidades", mais "branquinhas", como o oxalá, por exemplo. Eu levei anos para absorver esta informação, e outros tantos anos para colocar isso em palavras (parte disso, é a peça de teatro). A dicotomia é sempre muito confortável (pois dispensa uma análise mais profunda) e, às vezes, é até recomendável. Mas seu efeito é devastador, quando gerações inteiras do planeta não conseguem (ou se recusam) a pensar de outra forma. É ela que fabrica o herói e o vilão e, pelo menos numa primeira análise, é a grande responsável pela concentração de poder no mundo. E a concentração (excessiva) de poder é o principal elemento causador da nossa ruína, 

O poema (e a peça), portanto, possui esta pretensão "diabólica" de falar sobre dicotomias e dilemas humanos utilizando como pano de fundo a segunda lei da termodinâmica e alguns símbolos religiosos.

Que Deus me ajude! Por favor, não me odeie muito por isso. Mas também não me ame demais a ponto fundar uma religião com o que eu escrevi. Este é só um texto de ficção; não uma dissertação em teologia.

Detalhes Técnicos

Usei o Camtasia 2019 (excelente software para leigos, como eu), o GIMP (imagens) e o Audacity (som). Acabei gravando a minha voz com o meu celular, mesmo.

Áudios vieram da Biblioteca do youtube

1) At Rest - Romance
At Rest - Romance de Kevin MacLeod está licenciada sob uma licença Creative Commons Attribution (https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/)
Origem: http://incompetech.com/music/royalty-free/index.html?isrc=USUAN1100748
Artista: http://incompetech.com/

2) Turning Slowly

3) Found Memories


Imagens e vídeos

Todos vieram do site http://www.pixabay.com ou do http://www.videvo.net.
Todos são de uso gratuito e irrestrito, mas alguns pediam (embora não exigissem) citação, que segue:

analogue-2842521.jpg
Imagem de David Schwarzenberg por Pixabay

doll-1076186.jpg
Imagem de Ventus17 por Pixabay

brace-2965751.png
Image by Tatutati from Pixabay

man-3114480.png
Imagem de Lars_Nissen_Photoart por Pixabay

chain-2364830.jpg
Imagem de PIRO4D por Pixabay

boy-2859808.jpg
Image by Виктория Бородинова from Pixabay

logo-1013653.jpg
Image by Peggy und Marco Lachmann-Anke from Pixabay

soldier-996536.jpg
Imagem de Joan Greenman por Pixabay

blackbird-3601042.jpg
Imagem de Willfried Wende por Pixabay

crown-312734.png
Imagem de Clker-Free-Vector-Images por Pixabay

jesus-2437571.jpg
Imagem de Robert Allmann por Pixabay

man-3982787.jpg
Image by Efes Kitap from Pixabay

grid-1988179.jpg
Imagem de PIRO4D por Pixabay

child-3540922.jpg
Imagem de Stefan Keller por Pixabay

gang-776297.jpg
Imagem de Herm por Pixabay

horror-2581018.jpg
Imagem de Pete Linforth por Pixabay

ancient-4524989.jpg
Imagem de rottonara por Pixabay

death-164762.jpg
Imagem de PublicDomainPictures por Pixabay

girl-3422711.jpg
Imagem de Alexas_Fotos por Pixabay

man-1519667.jpg
Imagem de intographics por Pixabay

horror-2991618.jpg
Imagem de pixel868 por Pixabay

window-1685938.jpg
Imagem de spasibokras por Pixabay

number-3533035.jpg
Imagem de -MQ- por Pixabay

girl-60732.jpg
Imagem de Amber Clay por Pixabay

child-4038216.jpg
Imagem de Ashutosh Goyal por Pixabay

india-879011.jpg
Imagem de Carmem Cândido Rodrigues Carlotinha por Pixabay

migrant-mother-2169284.png
Imagem de heblo por Pixabay

image-manipulation-3349068.jpg
Imagem de DarkWorkX por Pixabay

devil-2382035.jpg
Imagem de Sabine Dengler por Pixabay

heartbreak-1209211.jpg
Imagem de Free-Photos por Pixabay

loneliness-1998355.jpg
Imagem de drassi por Pixabay

czech-republic-750417.jpg
Imagem de Mathew Vondruška por Pixabay

mushroom-4017963.jpg
Imagem de adege por Pixabay

flower-887443.jpg
Imagem de klimkin por Pixabay

verdun-2372476.jpg
Imagem de H. Hach por Pixabay

syria-1202174.jpg
Imagem de Alexas_Fotos por Pixabay

ethiopia-4089004.jpg
Imagem de Fabio Mondelli por Pixabay

doll-87407.jpg
Imagem de Emilian Robert Vicol por Pixabay

kids-2408614.jpg
Imagem de Varun Kulkarni por Pixabay

child-1144118.jpg
Imagem de abigailjthompson por Pixabay

boy-60659.jpg
Imagem de Amber Clay por Pixabay

girl-62328.jpg
Imagem de (El Caminante) por Pixabay

sorrow-699606.jpg
Imagem de James Chan por Pixabay

soldier-996536.jpg
Imagem de Joan Greenman por Pixabay

chain-natter-452842.jpg
Imagem de sipa por Pixabay

kid-2529907.jpg
Imagem de Aamir Mohd Khan por Pixabay

pregnancy-1024883.jpg
Imagem de Jeffy por Pixabay

bible-1948778.jpg
Imagem de J F por Pixabay

jerusalem-980328.jpg
Imagem de MoneyforCoffee por Pixabay

love-1139048.jpg
Imagem de Wendy Corniquet por Pixabay

thailand-453388.jpg
Imagem de Honey Kochphon Onshawee por Pixabay

prayer-1926335.jpg
Imagem de Myriam Zilles por Pixabay

the-1621517.jpg
Imagem de Gerd Altmann por Pixabay

Comentários