A Segunda Onda da Experiência Epidemiológica Brasileira


O Brasil virou o laboratório menos desejado e mais temido do mundo, mais ou menos como o que existiu na Alemanha Nazista com os Judeus. A diferença é que, no Brasil, as cobaias que participam do experimento o fazem, em grande parte, de boa vontade. 

Quem lidera esta experiência? Se você ainda não sabe a resposta para esta pergunta, ou você está muito mal informado, ou é uma das cobaias que, com silêncio ou ação, apoia o seu próprio extermínio.

E quem a sustenta? O povo brasileiro. (Ao menos, uma parte suficientemente grande dele.)

Mas não estou aqui para falar do que me parece óbvio. Vou direto ao ponto.

Eu baixei a base de dados (04/03/2021) que é brilhantemente compilada pela iniciativa http://brasil.io/covid19 e  fiz o seguinte para cada cidade com mais de 100.000 habitantes.

1) Calculei a média dos novos casos diários de covid-19 desde início de fevereiro até os dias mais recentes que possuem dados disponíveis(chamei de "média recente").

2) Calculei a média dos novos casos diários de covid-19 desde um ponto bem remoto da pandemia (normalmente quando os dados efetivamente começam a aparecer na cidade) até o fim de março (chamei de "média antiga").

3) Calculei a razão "média recente"/"média antiga". 

O resultado foi que, das 326 cidades com mais de 100.000 habitantes, em 241 delas a média do último mês ("média recente") foi maior do que a média desde o início da pandemia até janeiro ("média antiga").

Seguem a imagem das primeiras linhas da planilhas (ordenadas da "razão" maior para a menor) e os gráficos das 10 primeiras cidades. Não avaliei inicialmente o número de mortes porque não achava uma métrica adequada. A que criei, inicialmente, era o quociente entre (A) o total de mortes, para cada cidade, desde janeiro até o último dia com informações disponíveis e (B) o total de mortes, para cada cidade, desde o início da pandemia. Ordenando este quociente do maior para o menor, muitas cidades de fato se repetiram. É de se esperar que o surto de mortes sofra um atraso com o de novos casos, porque as pessoas (que chegam a óbito) levam um tempo se tratando primeiro. Vou adicionar, portanto, após cada gráfico, o equivalente do número de mortes e, no final, a lista das cidades ordenadas por essa outra métrica. 


Se alguém notar algum erro, é só me contactar. Coloquei as planilhas usadas no fim desta página.

É bom ter em mente que os dados podem não refletir a realidade por uma série de razões, por exemplo:

  • erro na recuperação ou consolidação da base de dados;
  • poucos testes executados;
  • falta de recursos (pessoal, computadores, tempo) nas cidades para documentar os casos;
  • pessoas que adoecem numa cidade e vão se tratar em outra (caso comum em cidades como RJ e SP);
  • eventual omissão/alteração de dados por políticos locais para mascarar a epidemia.  






































Só para finalizar, dois gráficos que não estão relacionados com a "segunda onda" e que dizem muito sobre  desigualdade e políticas públicas no Brasil.

No RJ (que nem de longe é um estado pobre) estão 30 das 326 cidades do país com mais de 100.000 habitantes. E entre as 10 cidades com maior letalidade 50% delas (5 cidades) estão no RJ.



Os arquivos utilizados (dados somente de cidades de mais de 100.000 hab) estão aqui:
https://drive.google.com/file/d/1TubHBbSrthsX12aoDnnehCp1RSp9Xuww/view?usp=sharing 

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