Entendendo melhor o fruto proibido


Há uma frase que adoro repetir que diz

"Sempre que provamos do fruto do conhecimento, somos expulso de algum paraíso".

Na verdade, não basta provar do fruto do conhecimento. É preciso que ele nos aproxime da verdade.

Ontem à noite, enquanto esperava a barca, conversando casualmente com meus fantasmas, eu fui novamente expulso de um desses paraísos.

(Isso, entretanto, é fato recorrente na minha vida. Até aí, nada de mais.)

Ocorre que eu entendi melhor o sentido do verbo "expulsar", que normalmente está associado a uma personalidade fora da gente (um Deus, por exemplo). Neste caso, a gente só realmente enxerga a verdade quando nós mesmos nos expulsamos daquele lugar que só existe no labirinto das nossas carências e angústias.

De súbito, percebemos com mais exatidão o quanto aquela saciedade está nos envenenando, a ponto de nos fazer perder, pouco a pouco, cores, sons e sabores que só aquele fruto proibido pode nos dar de volta. Quando conseguimos enxergar, com clareza - e aceitar, com resignação -, os dois lados desta conta, abrimos a porta e nos entregamos ao vazio...

... até que uma outra gaiola venha acolher nosso cansaço e nos embalar novamente no conforto daquela irresistível sensação de segurança.

(A imagem do artigo é a que encerra o vídeo do post anterior, intitulado  EmbalaGENS. Há uma frágil e poderosa relação entre os dois textos, que não cabe detalhar aqui. Só usei esta imagem, entretanto, por causa desse olhar que, por vários motivos, insiste em me manter preso em um paraíso do qual ainda não estou preparado para me expulsar.)

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