Buenos Aires em Fotos e Sensações



Começo pelo fim...

Em frente ao Teatro Colon, na Tucumán, encontrei esta árvore. Diferente de todas as demais, ela parecia querer abraçar o mundo. Passei mais tempo olhando para ela do que para o próprio teatro, que é uma das mais proeminentes atrações turísticas de Buenos Aires. Ao contrário da árvore do abraço, na reserva ecológica, esta não tinha como ser abraçada. Parecia a mãe de todas as criaturas vivas. Qualquer um podia se aproximar dela e apreciar tudo o que de indescritível havia em sua presença. Não havia ingresso ou filas.  Bastava conseguir enxergá-la um pouco mais como ela de fato é, mais ou menos como acontece com todos os seres e coisas deste grande teatro que chamamos de realidade.





Carranca em Puerto Madero, Buenos Aires.
Esta escultura homenageia a Marinha Mercante. Fica em um dos extremos do rio que passa nesta região. Ela tem de 2 a 3 metros de altura e você pode subir nela para admirar melhor o rio e o que há em volta.



De um lado, arquitetura padrão inglês (século XIX, se não me engano), com aqueles tijolinhos vermelhos. Uma gigantesca e belíssima praça de alimentação. Do outro lado, um mar de construções ultra modernas.



Para terminar a sequência, a foto de um desses prédios super mudemos, que fica na cabeceira desta região, que é o prédio do BBVA.



Nesta mesma região, tem a ponte da mulher. Uma bela ponte que não fotografei porque não sou tão turista assim.


Esta talvez seja é a foto mais significativa para o Brasil de toda Buenos Aires. Trata-se do monumento em homenagem às Mães da Praça de Maio.



As Mães da Praça de Maio foi(ou ainda é, não sei) um movimento surgido no final da década de 70 por mães de CRIANÇAS desaparecidas durante o período da ditadura militar argentina.

Estamos vivendo um momento em que as pessoas se sentem à vontade para relativizar as atrocidades de pessoas como o Ustra, não vendo problema em torturar pessoas que tinham uma opinião diferente sobre a forma como o país era conduzido. Portanto, mostrar que, pelo mesmo tipo de pessoa como as idolatradas pelo presidente desta nação, crianças foram torturadas ou usadas para torturar seus pais, nos permite aferir com mais precisão os reais valores do nosso vizinho, parente ou amigo. Isso não deve servir para quebrar nossos vínculos. Muito pelo contrário. Isso serve para que possamos nos comunicar melhor com as pessoas que amamos e, se for o caso, mostrar - lhes de forma mais efetiva nossa tristeza e perplexidade.

O monumento é extremamente singelo,como uma criança. Do tamanho de um banco de praça, no chão, em frente à Casa Rosada, sem muitos detalhes como se dissesse para o tanseunte:
"se não conseguir entender com um olhar, também não entenderá com uma longa explicação".

O símbolo é de um lenço branco usado pelas mães, simbolizado as fraldas de seus bebês desaparecidos.

A  foto seguinte é da bandeira da Argentina, também na Praça de Maio, em nome da qual as atrocidades foram cometidas.



Na sequência uma foto óbvia, da Casa Rosada, só para contextualizar melhor a descrição.



Em Buenos Aires eu descobri que nem tudo está perdido.
Numa região do bairro do Boca, em Buenos Aires, chamada Caminito, saboreei o melhor churrasco da minha vida. Esta região é caracterizada por casas muito humildes que viraram atração turística graças a um artista local. Num certo ponto da história, diz a lenda que ele, em lugar de sentar e chorar, contribuiu para mudar radicalmente a aparência do bairro, que hoje tem casas multicoloridas, com esculturas, pinturas nas portas e exposições de diversos artistas, além de um denso comércio para turistas .



Esta churrascaria mantêm, em forma de museu, o interior de uma casa típica do final do século XIX para visitação.






A foto seguinte explica a origem do clima ameno do local (o ar da serra).



Mas a importância arqueológica e antropológica mesmo está na próxima foto, que mostra a data e local exatos em que, pela primeira (e talvez única) vez, na história da humanidade, um homem ganhou uma discussão de casal com uma mulher.



Reserva ecológica na foz do Rio da Prata, em Puerto Madero.
Uma área extremamente agradável e necessária no coração de Buenos Aires.
A primeira foto é de uma escultura com materiais reciclados de um bagre. A instalação, no meio do parque, tem 3 esculturas que representam um cardume de bagres.


Na sequência, uma vista panorâmica da região de mangue preservada e as placas na entrada da reserva.








A foto seguinte é a árvore que elegi como a "minha árvore do abraço '.



A última foto mostra uma visão interna do parque, com uma pista de caminhada ao centro e árvores em volta.



As estátuas em Buenos Aires tem muita personalidade. Digo isso porque eu sou um troglodita para ser atraído por padrões estéticos muito subliminares à minha realidade, mas eu me senti muito atraído por quase todas as esculturas com as quais me deparei.

Vou citar algumas aqui, mas devo voltar ao assunto depois.

As próximas são de um bar que foi demolido e, em sua homenagem, ergueram um monumento :uma estátua e um belíssimo grafite nas paredes.






A próxima fica em uma das muitas, enormes e extremamente arborizadas praças de Buenos Aires. Diz que é em homenagem ao trabalho, mas me pareceu mesmo ser em homenagem à escravidão (dependendo da época e do local, isso pode não fazer tanta diferença, mesmo).



Finalmente, a do Peron (não confundam com Getúlio Vargas, por favor).



Chegou a vez do Jardim Botânico de Buenos Aires.

Como quase todos os espaços públicos de lá, muito bem organizado e bem cuidado. Eu tirei mais um sem número de fotos de árvores (porque eu sou meio tarado por árvores), mas em poucas vezes as fotos ficam boas. As árvores são em geral muito grandes e achar o ângulo ou a forma de fotografar que coloque no visor a mesma emoção que temos ao vivo é bem difícil.

Separei, entretanto, algumas...



Gostaria de destacar a vegetação de áreas secas ou do semi-árido. O cacto (assim como o mandacaru e outras) é uma aula que a Natureza nos dá se sobrevivência e adaptação. Ao contrário das espécies cuja beleza enxergamos de forma gratuita e quase instintiva, a beleza do cacto está na sua história e na sua força interior (genética). E isso me dá inveja porque eu certamente careço tanto de um quanto do outro tipo de belezura, apesar dos meus cabelos lindos, sedosos e abundantes.

Na imagem abaixo, além de ser muito grande, a folhagem forma uma espécie de cobertor para o caule. Bem diferente e interessante.


Nada de especial, mas gostei desta foto.


Nada de especial, também.
Só uma tentativa de tirar uma foto metida a besta.



Isso aí tem quase um metro e meio de altura, se não me engano.


Mar de verde. Deve ter mais de 50 metros quadrados só com esta vegetação, com vários tons de verde.


É tanta árvore que decidi mostrar ao o que conseguia mostrar direito.



"Para não dizer que não falei das pedras."

Definitivamente, nunca tirei tantas fotos por metro quadrado como no Jardim Japonês, em Palermo. O local é relativamente pequeno, se comparado com os outros espaços públicos de Buenos Aires, mas, à moda japonesa, é extremamente bem cuidado e riquíssimo em detalhes.

Testemunhamos a poda de uma árvore, que mais parecia um congresso, com três pessoas deliberando sobre como cortar o troco sem uma única folha, à beira do pequeno lago artificial em torno do qual o parque fica. .

Mas muitas outras coisas me impressionaram.

Começo com uma carranca (adoro carrancas), pequena, mas com muita opinião, que fica em um dos portais do parque.



Depois, algumas pedras. Notem que as pedras parecem ter sido esculpidas (se é que não foram, mesmo). Elas olham para a gente como se estivessem desdenhando da fragilidade e fugacidade de nossas existências.






Em seguida, a estátua do samurai e o monumento ao origami.




Depois, uma de várias placas espalhadas pela borda do parque com traduções de palavras ligadas à educação e a motivação de crianças.



E, por falar em placa, logo em seguida, a placa que fica no chão, próximo à saída do parque, com a data da visita, que muda diariamente.



Tem também o jardim de tulipas ...


... e, por fim, as cerejeiras.





São muitas fotos... Isso porque eu filtro muito!



Algumas das coisas que mais me impressionaram em Buenos Aires (meio que resumindo tudo que já citei) ...


1) muitas ruas extremamente largas. Tanto quanto ou mais largas que a Presidente Vargas, só que, em geral, muito mais agradáveis. Quase todas são bastante arborizadas. Bolsonaro lá ficaria bastante indignado e certamente diria que "tem árvores demais". Isso sem falar que por todos os cantos você acha traços da luta "esquerdista", em painéis, artistas, no metrô e até na arquitetura. Buenos Aires certamente seria demolida por Bolsonaro se ele fosse o presidente da Argentina .

Há também muitos locais públicos muito amplos (praças, parques etc) , gratuitos e, é claro, arborizados.
As primeiras três fotos são de praças locais.







2) A arquitetura... Você pode ficar lá um mês só se detendo nos detalhes dos prédios. Há de tudo um pouco. Desde prédios históricos com colunas gigantescas em mármore, ao estilo de prédios como o do Benjamin Constant e do Ministério da Fazenda, a prédios construídos mais de acordo com a estética contemporânea, cobertos por espelhos e muito bonitos também. Entre estes extremos, de tudo um pouco :igrejas, prédios comuns, inúmeros bares e cafés onde as pessoas fogem do frio e acabam se aproximando umas das outras. Não tirei muitas fotos dos prédios basicamente por dois motivos :1) é difícil reproduzir numa foto de celular a grandiosidade e a riqueza de detalhes de cada um deles ; e 2) para a maioria dos locais deve haver belíssimas fotos pela web.
Destaco a livraria El Ateneo, seção de vinis...



... um prédio com uma fachada colorida em Puerto Madero,





o Teatro Colon


e o shopping Galerias Pacífico.





3) por último, as pessoas... magras! Mas magreza não merece ser fotografada. Sobre as pessoas, só consegui captar, através da fotografia, a indignação e o sentimento meio anarquista que, hoje, a moderna nomenclatura bolsonariana esmagou em uma só palavra : "esquerdista". Visitamos uma feira de artistas locais bem interessante (Paseo de la Resistencia - Av. de Mayo 649), onde as pessoas fazem o seu artesanato que, não raro, é lindíssimo e muito sofisticado. Lá eu meio que me senti em Paquetá.

As próximas três fotos são de lá.











Para terminar, ou começar, uma recomendação (de muitas que não vou citar aqui), que é uma galeria de coisas razoavelmente caras, mas muito bonitas. Se você quiser dar um bom presente para alguém que admire muito arte, este pode ser o seu porto seguro.
A foto é da loja (Quorum) fechada, porque eu só tive ideia de fotografar no dia da minha saída, de manhã.
Ela fica na Defensa 894.
Foi lá que eu achei o caderno (que não comprei porque não tinha para quem dar) cuja imagem encerra este artigo.
(Entendedores não entenderão.)




Acho que é só pppessoal.









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